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segunda-feira, 30 de maio de 2011

OBESIDADE MENTAL

No texto abaixo há um conceito pelo qual venho buscando dialogar com outras pessoas, sem sucesso!

Realmente o título: “Obesidade Mental” deve ter maior sucesso do que minha forma de abordagem, que principiava pelo nível de conhecimento das pessoas e um muito provável stress tecnológico, que será alcançado dentro de pouco tempo.

Minhas razões são as mesmas contidas nessa obra do Prof. Andrew Oitke, catedrático de Antropologia em Harvard: a sociedade está intoxicada pelo excesso de um suposto conhecimento que, na realidade, é apenas um fino verniz sobre o que é importante saber para que as coisas funcionem.

Ao comparar o excesso de informação disponível e consumida pelas pessoas, com a obesidade que se transforma no mal de todos, especialmente daqueles mais pobres, ele consegue levar à nossa mente o grave risco que corremos.

Apreciem (e comentem) o texto a seguir:

"O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades."

O professor Andrew Oitke publicou o seu polêmico livro "Mental Obesity", que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.

"Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada. Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses."

Segundo o autor, a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono. As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.

Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema. Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.

O problema central está na família e na escola. Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.

Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Com uma "alimentação intelectual" tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção... é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.

Um dos capítulos mais polêmicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma: "O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular."

O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polêmico e chocante. Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.

Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.

O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.

Todos dizem que a Capela Sistina tem teto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve. Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam por que. Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto.

Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil... paradoxal ou doentia. Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.

Sensaboria: pra quem, como eu, não sabia o significado. Ato ou acontecimento desinteressante, sem atrativos; insipidez.

Não se trata de uma decadência, uma "idade das trevas" ou o fim da civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa, sobretudo, de "Dieta Mental."

2 comentários:

  1. Texto extremamente lúcido!! Sob medida para o momento atual. Um raciocínio que poucas pessoas vão se dar conta dele, pois estão nesse exato instante com os olhos pregados em alguma tela plana....( TV, Smartphone ou Tablet) Ainda hj, Jabor em sua coluna do Estadão escreveu algo bastante semelhante que merece uma olhadinha: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-ataque-do-''virus-da-irrelevancia'',725933,0.htm

    Quando o texto fala dos jornalismo realmente parece que o modelo do Datena agora é o padrão de todos os outros jornais. A podridão entrou na pauta ( e não quer mais sair..)
    Só existem coisas ruins no mundo? Ninguém mais presta? A superficialidade invadiu nossos corações e mentes?
    Regime já!

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  2. Parabéns pelo artigo!
    Ninguém entende quando um capitalista extremamente bem sucedido, que passou um rodo em todo o mercado, derepente para, tem um clic, como se um raio o tivesse atravessado. As vezes ajuda aos concorrentes que derrotou, as vezes doa para uma entidade ou organização em que acreditou, outras vezes abandona tudo e muda de vida. Este tópico é muito explorado por escritores sem muita imaginação ou sem inspiração e também em teatros, cinemas, novelas.Mas nenhum conseguiu explicar de forma e maneira tão simples quanto a deste incrível antropólogo. Parabéns pela matéria. É disto que nos humanos de verdade precisamos escutar, entender e nos involuirmos para subexistir.
    Marcos Lopes de Curitiba- Paraná.

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