terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Entendendo a origem da Crise
Estendendo a Crise Financeira até a remota Islândia
Um relatório da Organização das Nações Unidas publicado em outubro de 2007 afirmava que a Islândia, segundo todos os indicadores sociais, havia superado a Noruega e era agora o melhor país do mundo para se viver. Exatamente um ano depois, em 6 de outubro passado, boa parte dos 320 mil islandeses parou para ver o primeiro-ministro Geir Haarde se dirigir à nação. Era o meio da tarde, um horário fora do comum — os canais abertos islandeses começam a transmitir às 18 horas. Ainda assim, lá estava ele, severo, atrás de uma mesa tão sombria quanto seu semblante, tendo ao fundo a bandeira do país. Haarde falou por onze minutos. Ao concluir, disse: Compatriotas, se jamais houve um momento em que a nação islandesa precisou demonstrar coesão e estoicismo na adversidade, este momento é chegado. Frente à tempestade que se inicia, exorto as famílias a conversarem entre si, a não se deixarem dominar pelo desespero, ainda que para muitos as perspectivas sejam sombrias. Precisamos explicar aos nossos filhos que o mundo não está à beira do apocalipse e que temos de arrancar, do fundo de nós mesmos, a coragem para enfrentar o futuro. Que Deus abençoe a Islândia. Quarenta e oito horas depois, o primeiro-ministro inglês Gordon Brown -invocou uma lei promulgada depois do 11 de Setembro e incluiu a Islândia na lista de países e organizações terroristas. O Banco Central, o Ministério das Finanças e os dois maiores bancos islandeses se juntavam à Al-Qaeda e ao Talibã. Os ativos dessas instituições no Reino Unido foram sumariamente congelados. No final de novembro, na sua acanhada sala de trabalho, em Reykjavík, Árni Mathiesen, o ministro das Finanças, balançou a cabeça e, ainda aturdido, disse: “A reação dos ingleses foi a pá de cal. Eles não precisavam fazer aquilo. Não consigo entender como alguém usa uma lei antiterrorista contra um país como o nosso. Nos pôr nessa lista…” Era o fim de um processo que levara a serena ilha do Atlântico Norte — que não possui exército e cuja polícia não anda armada — ao mais grave colapso de um país em tempos de paz. Em sete dias a Islândia se tornou a maior baixa da crise econômica mundial. Não se tratava de uma instituição financeira nem de um setor da indústria, mas de uma nação na bancarrota. Os islandeses ainda buscam a metáfora justa: um furacão, um tiro, um caminhão que os atingiu por trás. E, se o processo que os derrubou não foi necessariamente o mesmo que levou o sistema financeiro internacional à lona, o trajeto da Islândia nos últimos dez anos talvez venha a ser visto pelos historiadores como exemplo das oportunidades, excessos, vulgaridades e riscos dos tempos em que as regras foram rasgadas para que o dinheiro pudesse gerar dinheiro. Em 1936, o jovem poeta inglês W.H. Auden propôs à editora Faber escrever um livro sobre a Islân-dia. Ao chegar ao porto de Reykjavík, ele registrou: “Minha primeira impressão é de uma cidade luterana, banal e remota.” A sensação associada ao país foi sempre a de isolamento. Quando os vikings chegaram, em 874, não encontraram quase nada. Trouxeram então suas mulheres celtas raptadas às ilhas britânicas e coloni-zaram a ilha. Trataram as florestas que cobriam um quarto das terras como os mineiros tratam suas minas, sem se dar conta de que eram frágeis e não se regenerariam. Em menos de sessenta anos a Islândia se transformou num deserto produzido por homens e ovelhas. O fluxo migratório cessaria em 930, quando o crescimento da população já não era suportável. A maior parte dos islandeses vivos descende diretamente desses primeiros homens e mulheres que aportaram no país há mais de mil anos – e o destruíram. O desastre ambiental foi o grande responsável pela pobreza até meados do século passado. Halldór Laxness, Prêmio Nobel de Literatura em 1955, fala de personagens que têm vontade de tomar leite e não podem, que sonham em comer carne e não a encontram. Mesmerizadas, as crianças vêem as mães prepararem a primeira refeição do dia, torcendo para que ao pão seco venha se juntar uma pincelada de gordura e fígado de bacalhau. Até um passado recente, a vida do islandês podia ser descrita como uma batalha pelo mínimo necessário à sobrevivência: um peixe, um pedaço de carne, um abrigo contra o frio. O isolamento e as adversidades — fome, frio, vulcões, terremotos, pestes — geraram um povo obstinado e independente. O país passou às mãos da Noruega em 1262 e da Dinamarca em 1380. A autonomia veio há 90 anos, e a independência, apenas em 1944. Durante todas essas etapas, o controle externo da ilha se resumiu a formalidades. Ela sempre foi deixada à própria sorte. Sem fortalezas, castelos e catedrais, nada na Islândia evoca a grande história européia; o trabalho do homem é atestado antes de tudo pelo que não está mais lá: as árvores que não existem, a paisagem lunar restante. Uma nação feita de fogo, gelo, água e vento. No verão de 1936, Auden não se deixou atrair apenas pela aventura do isolamento. Queria também conhecer o país das sagas. Ao lado de gêiser, saga é a palavra que os islandeses deram ao mundo. Significa “história”, ou “o que se diz”. São narrativas compiladas nos séculos XII e XIII que formam uma das grandes épicas da literatura universal. Morte, amor, vingança, corrupção. Junto com as Eddas – textos em verso e prosa que narram os mitos nórdicos –, são o patrimônio imaterial da Islândia, as catedrais que não se vêem. Os islandeses sabem que pertencem a uma nação porque, além do gelo e do oceano, eles têm as sagas. Durante muito tempo, foi o que bastou. Ao cabo da Segunda Guerra a Islândia era um dos países mais pobres da Europa. Seus três grandes bens — a energia geotérmica, os peixes e as sagas — eram coletivos. Todos podiam se aquecer e -pescar, e todos podiam acompanhar, no original, o drama da formação nacional. Prevalecia a noção de bem comum, até hoje um dos esteios da identidade islandesa. Auden escreveu em 1936: eles formam “a única sociedade realmente sem classes que já encontrei, e não se tornaram vulgares — pelo menos, não ainda”. Num verso, acrescentou: “Ilhas são lugares à parte de onde a Europa está ausente.”Em meados da década de 90, um novo governo decidiu que chegara a hora de trazer a Europa para perto. O povo — ou grande parte dele — concordou.
“Quando eu estava na escola, no final dos anos 90, havia uma sensação de que estávamos condenados a ser um país acanhado, sem perspectivas”, contou Jón Steinsson em sua sala na Universidade Columbia, em Nova York, onde leciona na Faculdade de Economia. Steinsson formou-se em Princeton e Harvard e, com menos de 30 anos e rosto de adolescente (lembra o Pimentinha), é uma das estrelas ascendentes no campo da macroeconomia. Trabalhou no Banco Central da Islândia no início da década, e em outubro passado, nos dias mais negros da crise, foi chamado às pressas para assessorar o primeiro-ministro. “O que muita gente chama hoje de ‘ambição desmedida’”, disse, “foi um processo mais complexo de afirmação nacional e de criação de oportunidades.” Até o início dos anos 90, os islandeses nasciam e morriam num país que pouco se transformava. Os empregos se concentravam na indústria pesqueira, que respondia por 50% das exportações. O então prefeito de Reykjavík intuiu que havia a possibilidade de mudar as coisas. Chamava-se Davíd Oddsson, usava um topete arquitetônico, era ambicioso e popular. Na juventude, fora cômico e ator. Tornou-se conhecido por interpretar o Ubu Rei, na peça homônima de Alfred Jarry, o criador da Patafísica, a ciência das soluções imaginárias. Seus dez anos na prefeitura, de 1982 a 1991, coincidiram com os governos de Margaret Thatcher e Ronald Reagan, atentamente observados. Convidou economistas liberais como Milton Friedman e Friedrich Hayek a visitar sua cidade e deles ouviu propostas para desengessar o modelo islandês, no qual o Estado ocupava quase todo o espaço. Em 1991, Oddsson foi eleito primeiro-ministro. Exerceria o cargo até 2004 – o mais longevo premiê da Islândia. Estava a caminho de se transformar no político mais poderoso — e mais radical — da história do país. Começou por privatizar a empresa municipal de pesca e, ano a ano, puxou à frente a agenda de liberalização do país. Aboliu o imposto sobre a riqueza, reduziu drasticamente os impostos sobre pessoa física e jurídica e fez o mesmo com o imposto sobre heranças. A economia respondeu. A renda média das famílias cresceu 17%. Em 2003, Oddsson deu o passo crucial. Privatizou e consolidou o sistema bancário, que passou a ser dominado por três grandes bancos: Kaupthing, Landsbanki e Glitnir. Jón Steinsson comenta que pela primeira vez os islandeses tiveram acesso a crédito. “Podíamos abrir uma empresa ou expandir um negócio. Ganhamos uma autoconfiança que não tínhamos: ‘Vamos ser o país dos empreendedores!’” Por essa época, uma palavra entrou no léxico do país: útrás. É formada por út (para fora) e rás (corrida). A palavra é meio agressiva”, explica Ísleifur Thórhallsson, ou Ísi, um jovem produtor musical. “Significa uma invasão ao contrário, uma ex-vasão, ir para fora e se apropriar de coisas, pilhar. Nos anos loucos, tudo girava em torno de útrás”, ele diz, com um sorriso não propriamente alegre."Se quiser conhecer um pouco mais visite o site da Revista Piauí (http://revistapiaui.com.br/) ou conheça o Blog: Vida na Islândia (http://www.vidanaislandia.com/)
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Dinheiro na mão é vendaval... é vendaval...
Dinheiro na mão é vendaval É vendaval Na vida de um sonhador De um sonhador Quanta gente aí se engana E cai da cama com toda ilusão que sonhou E a grandeza se desfaz Quando a solidão é mais Alguém já falou Mas é preciso viver E viver não é brincadeira não Quando o jeito é se virar Cada um trata de si Irmão desconhece irmão E aí dinheiro na mão é vendaval Dinheiro na mão é solução E solidãoA manchete do Valor Econômico apresenta a notícia: "BNDES terá R$ 100 bi do Tesouro" me deixou pasmo... Vejam só... De uma hora para outra é feito um "aporte" do Governo ao BNDES para que ele atenda a necessidade de recursos financeiros para a continuidade das atividades das empresas.
sábado, 17 de janeiro de 2009
Mizaru, Kikazaru e Iwazaru
Um não enxerga o mal! Outro não escuta o mal! O último não fala o mal!
São os três macacos sábios, esculpidos no Templo Xintoísta, na cidade de Nikko, no Japão. As esculturas são do Séc. XVII.
Aparentemente eles são muito atuais ainda hoje, especialmente na disputa dos poderes e decisões democráticas (seja lá o que isso possa significar).
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Um País Diferente
Você acredita que sejamos um País diferente dos outros?
Onde você vê as nossas diferenças mais relevantes?
Seria capaz de listar aquelas em que somos melhores?
E onde perdemos feio para os demais países? Você saberia listar nossas diferenças.
Hoje li alguns e-mails e tomei conhecimento de algumas notícias (infelizmente vieram sem fonte e não tive tempo, ainda de checá-las. Assim que fizer a checagem alterarei e me desculparei, se houver inverdades) que me assustaram, e muito. Veja algumas das manchetes que eu li:
· Brasil vai ceder helicópteros militares à Bolívia - O governo Lula vai ceder quatro helicópteros militares à Bolívia para reforçar as ações de fiscalização e combate ao narcotráfico na fronteira. Segundo o Ministério da Defesa, as aeronaves, usadas, serão submetidas à revisão e entregues sem custo ao governo boliviano, que se encarregará da manutenção dos aparelhos
· Supremo garante a dez deputados estaduais alagoanos o retorno ao mandato - O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, decidiu nesta quinta-feira suspender uma decisão monocrática do desembargador Antônio Sapucaia da Silva, do Tribunal de Justiça daquele estado, para reconduzir ao exercício de seus mandatos dez deputados estaduais de Alagoas, afastados desde março do ano passado.
· Lula diz que Itália tem de respeitar decisão brasileira de conceder refúgio a Battisti - O presidente Lula disse nesta quinta-feira que a Itália tem de respeitar a decisão soberana do Ministério da Justiça de conceder refúgio ao terrorista italiano Cesare Battisti, ex-militante comunista condenado à prisão perpétua pelo assassinato de quatro pessoas na década de 70.
· Marcos Valério deixa penitenciária de Tremembé - O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza deixou, às 18h10 desta quinta-feira, a Penitenciária Dr. José Augusto Salgado (P-2 de Tremembé), no interior de São Paulo, onde estava preso desde outubro do ano passado.
Se somos um país fica provado, pelos temas acima, que falta muito para adquirirmos o conceito de Nação.
Não se trata – apenas – de adotarmos atitude contra ou a favor de agremiações partidárias. Trata-se, apenas, de começarmos a buscar as mudanças que desejamos para o País que queremos ter.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Considerações sobre Transparência
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Alternância de Poder. Até quando teremos desrespeito com a Coisa Pública?
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Regime Tributário de Transição - RTT
Diante das alterações legislativas promovidas pela Lei 11.638/07 e mais recentemente pela MP 449/08, tecemos abaixo nossos breves comentários a respeito dos efeitos tributários decorrentes das mudanças promovidas na escrituração contábil das empresas brasileiras.
A MP 449/08 (que aguarda apreciação pelo Congresso Nacional) introduziu o Regime Tributário de Transição - RTT com o objetivo de neutralizar eventuais impactos dos novos métodos e critérios contábeis introduzidos pela Lei 11.638/07, na apuração das bases de cálculo de tributos federais nos anos-calendário de 2008 e 2009, aplicando-se a estes exercícios a legislação contábil vigente em 31 de dezembro de 2007.
O processo de harmonização das normas contábeis nacionais aos padrões internacionais deve se prolongar pelos próximos anos, razão pela qual o RTT deverá ser aplicado no biênio 2008/2009 e, se necessário, nos anos subseqüentes, caso não sejam editadas normas fiscais específicas sobre o tema.
Lembramos que nos anos-calendário 2008 e 2009 o RTT será opcional. Tal opção será manifestada, de forma irretratável e necessariamente para ambos os períodos, na Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica 2009.
No caso de apuração do imposto de renda pelo regime do lucro real trimestral nos trimestres já transcorridos do ano-calendário 2008, a eventual diferença entre o valor do imposto devido com base na opção pelo RTT e o valor antes apurado deverá ser recolhida até o último dia útil do mês de janeiro de 2009.
Assim, em resumo, caberá ao contribuinte optar pelo RTT ou considerar em 2008 todos os efeitos tributários decorrentes da Lei 11.638/07 e da MP 449/08. Como mencionamos, a opção será irretratável para o biênio, com efeitos fiscais que poderão produzir reflexos financeiros favoráveis ou desfavoráveis aos contribuintes, o que requererá uma acurada análise da situação fática de cada empresa para fazer prevalecer a melhor alternativa.
Reiteramos que o prazo final para a opção se dará com a entrega da DIPJ/2009, a qual deverá ocorrer como em anos anteriores, ou seja, em 30 de junho de 2009; no entanto, como mencionado acima, tratando-se de apuração trimestral para o ano-calendário 2008, poderá requerer recolhimento adicional de tributos, até o ultimo dia útil do mês de janeiro de 2009.
Desta forma, colocamos à disposição de V.Sas. nossos serviços de "Revisão Especial do Regime Tributário de Transição - RTT" para auxiliá-los nesta importante tomada de decisão. Tais trabalhos contemplam, entre outros, a simulação dos resultados da empresa em ambos os regimes (antes e depois da Lei 11.638/07 e da MP 449/08) e seus correspondentes efeitos tributários.
Retransmitindo informação recebida da Gaia, Silva, Gaede & Associados