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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Afinal, quem somos nós?

Ja vi isso Tempos modernos. Sim. Vivemos em “tempos modernos”... seja lá o que isso significa, realmente.

Recentemente apresentei uma questão: “Você também é sonegador”?

Ao apresentar essa questão abordei que todos somos “tentados” a aceitar algumas “facilidades” sempre que nos são apresentadas vantagens que nos façam sentir “seres especiais”.

Até que ponto isso é verdadeiro? Será que mudamos tanto assim? Afinal, quem somos nós?

Observando alguns tele-jornais que apresentavam a rotina das enchentes na cidade de São Paulo, que trouxeram desalento e desespero a muitas famílias, uma das imagens me chamou a atenção.

Tratava-se de uma marcha de pessoas que buscavam, mesmo a pé, caminhando por trechos alagados, chegarem aos seus locais de trabalho. Seguiam por onde os veículos (ônibus, especialmente) não conseguiam transitar. Seguiam, de forma célere, sem se preocuparem com eventuais acidentes que pudessem estar ocorrendo em seus lares; a elas importava, apenas, chegar aos seus trabalhos e cumprirem com suas obrigações, sem qualquer preocupação quanto à forma pela qual poderiam – ao final do dia – retornarem aos seus lares.

Pude inferir, então, que uma grande parte da população é formada por pessoas cientes de sua obrigação, ainda que esta pudesse estar acima de sua segurança pessoal. Ou da segurança de seus familiares. Pessoas honestas!

Como julgar de forma igual a todos? Se acreditarmos nas notícias que normalmente nos chegam pela TV, Rádio ou Jornais podemos entender que “o brasileiro é um ‘folgado’, sem vontade de trabalhar, irresponsável e, principalmente: venal”.

Apesar da tragédia, causada pelo pico das chuvas que acontecem em várias cidades brasileiras, com acentuada incidência na São Paulo, vemos pessoas que, corajosamente, seguem em marcha silenciosa e firme, aos seus postos de trabalho.

Afinal? Quem é, de fato, o brasileiro? Uma pessoa indolente? “Sperta”? Pouco afeita ao ‘batente’? Ou será que há uma grande parte com valores morais e éticos admiráveis que devem propagar – com seu exemplo – a formação de jovens e outras pessoas com quem convivem?

Nos mesmos tele-jornais pude observar o desastre que a má estão causa às pessoas. No Haiti – após o cataclismo que ceifou tantas vidas e deixa a maior parte da população sem qualquer fonte de recurso – o Governo (se é que podemos chamá-lo assim) se perde totalmente na distribuição do volume de doações que tem recebido. Uma parte dos integrantes desse Governo, aparentemente, continua a praticar atos de corrupção, subtraindo das pessoas carentes o benefício que lhes chega de todas as partes do mundo. Fico indignado com a “gestão” praticada naquele país: incompreensível e inaceitável, independente à forma de governo (supostamente há governo) adotada naquele país.

Ah, Democracia... Quantos meliantes se escondem sob seu manto...

A corrupção é um vício! Sua prática continuada ceifa da pessoa corrupta qualquer atitude razoável de ‘humanidade’. Permanecem, como inconscientes, a praticar atos condenáveis, provavelmente ensinados pelos péssimos governantes que o Haiti teve nos últimos 50 anos.

Voltando ao Brasil. Confesso que fiquei emocionado com as imagens! Tantas pessoas, superando todas as dificuldades e adversidades, caminhando céleres aos seus postos de trabalho.

Devemos repelir veementemente qualquer insinuação de que “o povo brasileiro é folgado”. Isso não é Verdade! Essa imagem, injusta, vem sendo atribuída por conta dos principais líderes que ocupam cargos no executivo, legislativo e judiciário. Lá há, proporcionalmente, uma grande quantidade de pessoas desonestas e sem qualquer ética ou valor moral.

O brasileiro é – por sua natureza – uma pessoa crédula e ingênua. Acredita que as pessoas que lhes pede voto tenham as mesmas características e formação moral que lhes moldou o caráter.

E caráter é uma coisa séria. Tão séria que: se caráter tiver preço, eu pago.

Por mais incoerente que possa parecer, as imagens me deixaram orgulhoso sem ser brasileiro.

Um comentário:

  1. Dois pontos:

    Muito bem lembrada a a imagem das pessoas caminhando para o trabalho com a água podre da enchente subindo pelo joelho.
    Um símbolo e tanto.
    Não sei se exatamente da nossa boa índole, mas talvez do "cabresto". O detalhe da imagem é que essas mesmas pessoas eram de origem muito simples. Acostumadas com patrões que lembram os feitores da senzala. Sim, o perfil da casa grande e da sanzala ainda está enraizado na nossa cultura, não podemos fingir que não.

    Há uns 3 anos, no interior bem distante, de SP, realizando um treinamento na associação comercial, com atendentes do comércio local, ouvi coisas como - a loja de calçados em que elas trabalhavam não tinha banheiro para que elas não usassem.
    E outros absurdos impublicáveis.
    Esse é o perfil generalista dos donos de pequenos comércios. Claro que há exceções!
    Essas pessoas, que provavelmente precisam muito desse emprego, sabiam o que as esperava se não fossem trabalhar naquele dia.

    Outro ponto:

    As enchentes de SP estão longe de ser uma calamidade ou tragédia. Elas são crimes de omissão e negligência e o poder público tem que ser processado e punido por isso! É sabido que há 3 anos a calha do Tietê não recebe nenhuma, retirada de material assoreado!! Se o nome disso for tragédia, deve vir acompanhada da palavra "anunciada".

    Excelente post, ótima percepção ( como sempre)!!

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