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terça-feira, 1 de abril de 2008

Dengue. Você já sabe de quem é a culpa?

Afinal… de quem é a culpa pelo surto (ou será melhor definir como epidemia) de dengue que se alastra pelo país, com destaque para a cidade do Rio de Janeiro?

Há governantes, apoiados por uma parte da imprensa, que julga que a culpa “é da população”. E outra parte que delega aos governantes a responsabilidade sobre o que está acontecendo.

De fato. É como naquela antiga máxima: “Se a culpa é minha eu a ponho em quem quiser...”

Vivemos em um país onde não há o hábito de assumir responsabilidade. Acredita-se que se livra de qualquer responsabilidade, inerente à condição de cada um, quando podemos encontrar um “culpado”. Isso é muito cômodo. E totalmente ineficaz! Ambas as partes permanecem em suas posições, imóveis, “fungando” a respeito da “responsabilidade do outro”.

Isso não resolve nada...

Na verdade todos são culpados. Culpados (em termos de população) quando nos escondemos em nossa ignorância e nada fazemos, esperando que o Estado, no papel de Pai Protetor, nos livrará de todos os males. A prática dos governantes nos últimos anos tem levado a essa conclusão a todos os que se acreditam cidadãos, mesmo que “covardemente”, ou seria: “convenientemente”, dependentes dos governantes? E os governantes? Que se acostumou com o discurso “paternalista” que lhes garante a perpetuidade no poder? Ainda que não cumpram, absolutamente nada de suas promessas de campanha?

É o momento de despertarmos. Todos! Não há nenhuma condição de manter-se esse estado de coisas... Vivemos na condição do “me engana que eu gosto...”

E esse despertar é um grande temor para a classe política... Nessa condição não haverá espaço para políticos com as características que atualmente ocupam os cargos de Vereadores, Prefeitos, Deputados Estaduais e Federais, Senadores, Governadores e, claro, de Presidente. Isso sem entrarmos na avaliação dos integrantes dos primeiros e segundos cargos em cada um dos respectivos escalões do poder.

Não escapa ninguém. De quem é a culpa? Seria fácil, muito fácil mesmo, colocá-la nos constituintes que desenvolveram uma Constituição “Cidadã” que confundiu as atribuições e responsabilidade de cada um dos entes. Enquanto se discute se a causa da Dengue é responsabilidade do governo Municipal, Estadual ou Federal, os temíveis “aedes egypt” continuam a proliferar. Será que ninguém percebeu, no surto da Febre Amarela, que foram esses mesmos os responsáveis pela transmissão daquela moléstia nas áreas urbanas? Recuso-me a acreditar que a ignorância de nossos governantes seja dessa envergadura... parece coisa proposital, programada para produzir debates das facções políticas que desejam tomar conta da riqueza que o país ainda tem, e promover seus sucessivos “butins”.

Voltando um pouco ao início deste tema: “De quem é a Culpa?” creio que ao Estado que surrupia os recursos destinados à formação e educação das crianças e, consequentemente, dos adultos, é quem tem, de fato, a maior responsabilidade. Ora bolas... desde quando investimento público na educação infantil garantiu a esse tipo de governante, que reina no país, sua reeleição ou vitória de seu sucessor?

Estamos vivendo a praga criada nos anos 70, quando Gérson, o nosso canhotinha tri-campeão mundial de futebol, aceitando fazer um comercial de cigarros, criou o bordão: “Você não gosta de levar vantagem em tudo?” – pessoalmente acredito que o craque do futebol não tinha idéia da grande praga que estava gerando.

Foi com essa máxima que criamos a generalização e banalização da corrupção. Naquela época o brasileiro era uma pessoa Honesta (sim, com “H” maiúsculo). A partir desse evento do Gérson, agravado pela Constituição Federal de 1988, o brasileiro passou a se ver como “tolo” e a seguir os caminhos que lhe garantiam “alguma vantagem em tudo o que fazia”. A contaminação pela corrupção leva cada um dos habitantes deste país a banalizar, também, o crime. Ainda que em “roupagem” de trabalho para complementar sua renda...

Não. Não estou louco!

Certa vez, na cidade de Curitiba, tive de ir até a Receita Federal. Fiquei surpreso com a quantidade de pessoas vendendo cigarros contrabandeados do Paraguai, com preços 50% menores do que os vendidos nos estabelecimentos comerciais. Perguntei ao Superintendente se era normal o comércio de produtos contrabandeados (descaminho) na porta da Receita Federal. Ele me respondeu que “nada podia fazer. Era da Prefeitura a responsabilidade em coibir esse tipo de comércio.” Difícil esquecer a minha surpresa com a banalidade da resposta. Descobri, naquele momento, que nenhum cidadão teria mais qualquer direito de “polícia”, alertando e eliminado as práticas claramente criminosas...

As demais pessoas, quando perguntadas sobre o que achavam daquilo tudo, tinham uma resposta padrão: “É melhor ele estar ganhando dinheiro com contrabando do que estar roubando por aí...”

É. Acho que estou louco... Louco com tanta hipocrisia dos governantes e dos governados. Não podemos esperar muito da mídia em geral. Além de totalmente comprometida ela é, também, “burra” e conveniente.

Enquanto isso a família do “Aedes Egypt” está cada vez mais numerosa e atuante. Quanto aos brasileiros (exceto pelas vítimas que estão morrendo com a Dengue) estão contentes. Sim; contentes. Afinal a Culpa é do Outro!!!

3 comentários:

  1. A culpa é nossa mesmo, afinal de contas, como já dizia um antigo ditado: Cada povo tem o governo que merece.
    Infelizmente, nós, povo brasileiro, não temos a cultura de estar fiscalizando e cobrando as atitudes de nossos governantes. Por isso vemos essa festa de mensalões, cartões corporativos. Descasos no tratamento das epidemias de dengue, febre amarela, inanição, é isso mesmo, inanição, pois não é só as crianças africanas que morrem por falta de alimentos, como "eles" querem nos mostrar, muitas de nossas crianças, principalmente da região norte/nordeste enfrentam problemas por falta de alimentação, mas não é essa informação que "eles" nós passam, afianl de contas "eles" criaram o Bolsa Familia.
    Hoje eu li outra noticia incrivel " Lula proibi o TCU de examinar os recursos oriundos das contribuições sindicais. E olhe que os sindicatos vão arrecadar mais de R$ 100 milhões. E a festa "deles" vão continuar. Não se expante se "eles" não criarem alguma contribuição anti-dengue, para nós pagar e "eles" mais uma vez, rir a nossas custas.
    É triste, mas cada povo tem o governo que merece, e já está na hora de deixarmos de nos sentirmos tão culpado.

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  2. Grande Sica!

    Parabéns pela iniciativa. Aliás, iniciativas universais fazem parte do seu dia-a-dia!

    Muito de ruim se fala sobre o Rio. Poucos diferenciais da cidade são conhecidos.

    Mas, as principais causas já vivem na cidade há décadas.

    O Rio, na década de 40, era uma das cidades mais limpas do mundo!

    Porém, com a mudança da capital, com a ditadura (diversos generais de uma região do Brasil não gostavam da cidade!) e com os políticos hipócritas que tivemos que privilegiavam a pobreza, pois os votos são mais fáceis de serem conquistados, chegamos no estágio atual!

    Não temos mais retorno. Um milhão de miseráveis, vivendo em um país que "finge" se preocupar com a vida de miseráveis.

    A Dengue é apenas um dos efeitos esperados com o caos crescente que a cidade vive.

    Vão eliminar a mortandade, vão matar mosquito pacas, mas a sujeira, os esgotos, as favelas e a miséria espiritual continuará!

    Aliás, como escreveu o Jabor:" O Rio é uma calamidade pública!"

    Como mudaremos este quadro? Muito trabalho dos poderes públicos; muito trabalho por parte dos miseráveis; muito trabalho de todos nós que podemos, de alguma fora efetiva, ajudar.

    Quando descrevo a palavra miserável, na verdade me incluo em parte nela, pois afinal, somos todos brasileiros e se nada acontece, tenho também uma parcela de culpa no processo, pois nada fiz para mudar alguma coisa para os mais miseráveis do que eu.

    Fazer revolução em Ipanema ou no Batel é muito fácil. Difícil e subir favelas e ajudar as pessoas (desde que o traficante permita);montar apoio perene para as crianças possam verdadeiramente crescer até morrer de velhice, enfim, contribuir efetivamente.

    Mas, se ficarmos imóveis, se os poderes públicos ficarem digladiando entre si para definir a alçada do mosquito, bem como se deixarmos o traficante e a milícia assumir as comunidades, realmente nada de bom acontecerá.

    Trabalho muito, viajo muito e pouco faço neste contexto.

    Estou mudando e criando maneiras de ajudar. Acho que todos podem realizar pequenos milagres e não esperar por milagres divinos para resolver esta complexidade.

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  3. Grato Vicente por seus comentários. É isso mesmo... Cuspimos no prato em que comemos. Não há do que reclamar.
    Quanto a questao das Contribuições Sociais as notícias estão confusas mesmo. Na realidade o que foi vetado foi um artigo totalmente inóquo, já que o TCU TEM OBRIGAÇÃO LEGAL de examinar toda e qualquer entidade, mesmo as Sindicais portanto, que recebem dinheiro público. E pelo Código Tributário Nacional a contribuição é uma espécie de Tributo, portanto já constando do Código Tributário a OBRIGATORIEDADE DE FISCALIZAÇÃO DO TCU. É mais uma furada da mídia e dos Sindicalistas.
    Ou será que é para fazer um novo tipo de "cachorro"(*)?


    (*) Cachorro = Roubo, vantagem por efeito de ato ilegal, corrupção, etc. e tal...

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